Uma festa cívica marcou a solenidade de entrega da Medalha JK, neste sábado (12/9), na histórica cidade de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. Agraciados exaltaram o legado do ex-presidente e ex-governador Juscelino Kubitschek, o JK. Após receber a Medalha de Honra, a integrante da comunidade quilombola Mata dos Crioulos, localizada na Serra do Espinhaço, em Diamantina, Jovita Maria Gomes Corrêa, se disse emocionada. “É a primeira vez que recebo uma medalha do Estado. Fiquei muito feliz em saber que a nossa luta está sendo recompensada”, afirmou. O professor e escritor Jacinto Guerra, autor de dois livros sobre a vida e o legado de Juscelino, também se disse lisonjeado por receber a Medalha de Honra. “É uma emoção muito grande estar na terra de JK. Me sinto honrado”, afirmou o escritor.
Condecorado com a Medalha de Honra, o desembargador Pedro Aleixo Neto, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), falou sobre a importância da homenagem. “É uma grande honra. O governador Fernando Pimentel está realizando uma excepcional administração. Eu me sinto muito prestigiado por mais esta honraria. Tenho apenas palavras de agradecimento”, disse. O superintendente Regional da Polícia Federal em Minas Gerais, Sérgio Barboza Menezes, também falou sobre o privilégio de receber a Medalha de Honra. “É uma grande alegria, como superintendente da Polícia Federal, ter o reconhecimento do nosso trabalho dedicado a Minas Gerais. Estamos muito felizes por estarmos na terra de JK”, enalteceu.
Os moradores de Diamanatina também enalteceram o legado de Juscelino. “Essa é uma festa de todo o Estado mas, principalmente, do povo diamantinense. É preciso preservar a memória e os ideais de Juscelino”, afirmou o aposentado José Eustáquio Freire da Silva, de 73 anos. Para a dona de casa Maria do Anjos Santos Barbosa, de 56 anos, Juscelino “representa os sentimentos de mineiridade e de brasilidade. JK é filho da nossa terra, merece todas as reverências”, disse.
Sentimento de brasilidade
A visão de futuro e a dedicação de Juscelino Kubistchek a Minas Gerais e ao Brasil foram lembrados também pelo prefeito de Diamantina, Paulo Célio de Almeida Hugo (PSDB). “Deixemos infundir em todos nós o sentimento de brasilidade, pois o país esta acima de todos. Cultivemos a credibilidade, sejamos otimistas, exercitemos a construção da confiança e da credibilidade”, disse o prefeito. A Medalha JK foi criada pela Lei nº 11.902, de 1995, sendo entregue pela primeira vez em 1996. A cerimônia é realizada anualmente, no dia do aniversário do ex-presidente, nascido em 1902 – há 113 anos.
A honraria é dividida nos graus “Grande Medalha” e “Medalha de Honra”. Entre os condecorados estão personalidades e instituições do cenário político, econômico, social e cultural do Estado e do país. Nesta edição, 86 pessoas e instituições foram agraciadas. Após a abertura do evento, com as honras militares e a execução do Hino Nacional, apresentado pelo Grupo Arte Miúda de Diamantina, o governador conduziu a entrega das medalhas e, em seguida, acompanhou o desfile da Guarda de Honra. A solenidade – que neste ano teve com orador oficial o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes – encerra as comemorações da Semana JK.
Pronunciamento do Governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, durante solenidade de entrega da Medalha JK, em Diamantina:
“Esse é um momento de muita alegria para mim. Hoje, aos múltiplos e pesados deveres de um governador do Estado, se incorpora o prazer de estar aqui em Diamantina e vivenciar intensamente a paisagem, a história, a cultura e a fraternidade do povo da nossa Minas Gerais.
Nós celebramos aqui valores muito caros ao espírito mineiro. Estamos na cidade amada do presidente Juscelino Kubitschek: Diamantina, fonte de inspiração e entusiasmo. Entre os núcleos urbanos fundadores da nossa terra, certamente nenhum supera Diamantina como expressão de sentimento de alegria e de esperança, mesmo diante de eventuais adversidades.
Aqui, no alto azul do Espinhaço, tendo o Pico do Itambé como sentinela, nós mineiros apuramos um jeito particular de fazer da vida uma epifania, uma caminhada amorosa sob todos os atropelos do caminho.
O presidente Juscelino nasceu aqui, na aurora do século XX, exatamente no dia 12 de setembro de 1902. Jamais lhe faltou o sorriso diamantinense, o bom humor de quem está de bem com a vida, ainda que a incompreensão muitas vezes o oprimisse e a intolerância outras tantas lhe afastasse do exercício da vocação natural de servir à sua pátria.
JK é um símbolo do homem republicano e democrático, incansável na ação pública, mas de alma seresteira e pé de valsa como quem toca numa vesperata e acredita na felicidade.
Golpistas, radicais rancorosos tentaram impedir, desde o lançamento da sua candidatura presidencial, a trajetória vitoriosa do filho da professora Júlia Kubitschek de Oliveira. Depois, foi atingido, mais tarde, com o Senado da República, após o golpe de 1964, eliminando aquele sonho, que mesmo sonhado por milhões de brasileiros, não conseguiu tornar possível a legenda JK 65.
Faz meio século que o nosso país perdeu o direito de reconduzir a Brasília o construtor da capital, líder do moderno processo de desenvolvimento econômico e social e defensor exemplar dos princípios sociais e éticos da cidadania.
Na Prefeitura de Belo Horizonte, no Governo do Estado e na Presidência da República, JK deixou marcas, sempre lembradas. A ele devemos a criação da Cemig em 1952, e em homenagem ao seu pioneirismo acabamos de alcançar oito milhões de consumidores de energia, exatamente aqui em Diamantina, numa ligação celebrada ontem pela Cemig, pelo professor Mauro Borges, presidente da emrpesa, aqui no município como parte das celebrações nessa semana.
Aqui mesmo, ao lado, no Teatro Santa Isabel, a exposição de obras do grande fotógrafo Assis Horta representa a nossa homenagem aos diamantinenses, que poderão admirar imagens inseridas entre as mais siginificativas da história da fotografia brasileira.
Senhores e senhoras, meus conterrâneos de Diamantina e das Minas Gerais, JK é uma referência de fortíssima atualidade.
A vida desse mineiro, ilustre e admirado, nos lembra que os trechos difíceis da história são justamente os que pedem aos cidadãos e cidadãs maior solidariedade e participação, mais lucidez e mais serenidade para resolver os problemas da economia, encravados por entre os inúmeros desafios que o mundo hoje enfrenta. O Brasil deve buscar ânimo na resistência e na perseverança de Juscelino.
Confiamos em dias melhores. Esses dias nascerão do empenho dos brasileiros na construção dos fatores positivos do desenvolvimento. E em Minas Gerais estamos dando nossa contribuição como um esforço para enfrentarmos uma herança pesada de dívidas, desajustes e desequilíbrios na condução do Estado.
A harmonia e o relacionamento entre os poderes assegura as respostas afirmativas que oferecemos aos desafios nessa hora. Legislativo, Judiciário e Executivo, em Minas, procuram cumprir o seu papel em sintonia com a realidade, buscando nessa convergência resultados transformadores.
Quero parabenizar com alegria todos os agraciados com a Medalha JK. Mas peço licença para saudar em especial o presidente do egrégio Tribunal de Justiça, desembargador Pedro Bittencourt, e o presidente da Assembleia Legislaiva, deputado Adalclever Lopes, amigos e parceiros na caminhada por Minas Gerais.
A frente de seus pares, Vossas Excelências são cidadãos que se colocam na vanguarda daqueles que desejam acelerar o processo histórico e ultrapassar os obstáculos. Aqui, ao se pronunciar como orador oficial, o presidente Adalclever enfatizou o primado da autonomia e da sinergia dos poderes republicanos. Os valores da nossa consciência cívica, indutores da formação política do Brasil, renovam-se esplendidamente nessa luminosa manhã de Diamantina.
Quem reflete sobre as lições do passado pode evitar a repetição de erros no presente. A intolerância que vitimou JK, as injustiças contra ele cometidas, isso é o exemplo da busca permanente pela paz, da conciliação, do diálogo, e serve de alerta contra aqueles que pregam a ruptura da ordem democrática, flertam com o autoritarismo e disseminam o ódio e a intolerância na vida social.
Minas Gerias, ao contrário, serena e autaneira, consagra a defesa da causa da liberdade republicana e evoca a legenda sempre viva do quilombola Isidoro, aqui de Diamantina, e o inconfidente Padre Rolim, também diamantinense, e do nosso eterno presidente Juscelino Kubitschek.
Viva JK, viva Diamantina, viva Minas Gerais e viva o Brasil.”