Nesta quinta-feira, 30 de julho de 2015, marca o fim da operação da ferrovia em Cataguases. A empresa VLI que detém a concessão de exploração do trecho que passa no município divulgou no começo do mês comunicado que não fará mais o transporte do minério de bauxita para a CBA – Companhia Brasileira de Alumínio – do entreposto de Barão de Camargo até Três Rios (RJ). O motivo alegado pela empresa responsável pelo transporte foi redução do volume da carga o que encarece o frete inviabilizando o uso da ferrovia que tem preços acessíveis apenas para grandes quantidades.
A medida já provocou reações nas cidades vizinhas e em Cataguases, o vereador Walmir Linhares tem se revelado o mais preocupado com a situação a partir do término do transporte ferroviário. Ele, inclusive, já se manifestou na Câmara Municipal a respeito e propôs a realização de uma audiência pública pra tratar do assunto, mais ainda sem data definida. Ele disse, em uma dessas sessões, que a decisão da VLI vai significar “desemprego aos funcionários”. De acordo com aquele vereador a empresa está oferecendo transferir os empregados para outras cidades ao invés de demitir. Porém, no seu entendimento, “muitos não tem condição de sair daqui para trabalhar numa cidade a mais de dois mil quilômetros de distância recebendo o mesmo salário”, argumentou.
Cataguases tem sua história umbilicalmente ligada à ferrovia. Ela teve importância tão significativa para a cidade, no século XIX, que o principal e imponente hotel foi erguido em frente à estação ferroviária, bem como uma agência bancária. Aquela região, hoje conhecida como Praça Governador Valadares, foi também um dos principais entrepostos de café e simbolizou uma época de desenvolvimento para a então pequenina e efervescente Cataguases. O progresso trazido pelos trilhos do trem mudou a ótica do crescimento e foi substituído pelas estradas como sua principal via de acesso. Assim a ferrovia foi sendo deixada de lado, paulatinamente, por um erro de estratégia de governos que ainda hoje teimam em não investir nela como meio de transporte de massa.
Em outros tempos, a desativação desta linha traria sérios problemas, mas hoje, é vista por muitos como alívio e certeza de noites de sono sem interrupções pela buzina do trem durante a madrugada (em um passado recente, este fato gerou um movimento formal do Legislativo Municipal no sentido de impedir que o trem acionasse a buzina durante a noite). Também não haverá mais o risco de acidentes com aquelas composições enormes, nem de tragédias envolvendo pessoas que marcaram a história da cidade e de tantas famílias. Acabam também os congestionamentos de veículos, especialmente no centro e a cada dia maiores, várias vezes ao dia, a cada passagem do comboio cortando a cidade de cima a baixo. As perdas serão muitas, nenhuma será maior do que a perda da simbologia que o trem representa para Cataguases. Afinal esta cidade nasceu com o trem, cresceu em função dele e criou sua identidade a partir do que ele representa para ela. Agora, este vínculo se quebra, repentinamente. Este é um passo para o futuro ou é apenas o fim da linha?
(Fotos gentilmente cedidas por Marcos Spínola)- ao site Marcelo Lopes