Reunidos na Sede do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) na manhã de terça-feira, 16/11, mais de 100 representantes de comunidades e organizações sociais, sindicais e pastorais fizeram a escolha coletiva de seguir construindo a agroecologia, o cuidado com as águas, o turismo, a preservação da biodiversidade, a religiosidade, a cultura popular e o resgate da ancestralidade como pilares de um projeto de desenvolvimento para o entorno da serra.
De acordo com os presentes, tal projeto é inconciliável com o projeto de mineração de bauxita em larga escala proposto pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e pela Mineração Curimbaba, principais detentoras de direitos minerários no entorno da serra.
A CBA, que já realiza mineração em Miraí e São Sebastião da Vargem Alegre, busca desde 2003 a expansão do seu projeto para o entorno da Serra do Brigadeiro, abrangendo boa parte da Zona de Amortecimento do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. Desde então, diversas organizações de Rosário da Limeira, Muriaé e Miradouro se uniram e formaram a Comissão Regional de Enfrentamento à Mineração, que conduz a resistência a essa expansão até hoje.
No entanto, desde 2018 que diversos outros municípios do entorno se juntaram a essa causa, formando núcleos municipais e realizando diversas ações de divulgação da luta.
A reunião da última terça-feira entra para a história dessa região, pois é uma mobilização sem precedentes de organizações representativas da população do entorno da serra. As quase 50 organizações que estiveram presentes apresentaram na reunião um posicionamento unânime contrário ao projeto de mineração de bauxita na região e se colocaram à disposição para a construção de um projeto comum do entorno numa grande articulação de comunidades, organizações e poder público.
Também se colocaram à disposição da gerência do PESB para a construção de projetos conjuntos.
Ao final, Rosimeire Belcavelo, gerente do PESB, disse que o parque está e sempre estará aberto para a construção conjunta dos projetos do entorno, uma vez que o parque pertence às comunidades.
Antes do encerramento, os participantes aprovaram a Carta da Serra do Brigadeiro, que resumiu o teor da reunião. Ela será assinada e enviada ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) solicitando que fique ao lado das comunidades e que não dê a anuência para a mineração de bauxita na Zona de Amortecimento do parque.
Além disso, decidiram também pela realização de um grande Encontro de Comunidades da Serra do Brigadeiro no ano de 2022 para consolidar ainda mais a união do entorno da serra.
Fonte: Comissão de enfrentamento à Mineração