A internação de oito pacientes de Manhuaçu na última semana acendeu o alerta nas autoridades de saúde da região. Dois pacientes idosos, moradores da zona rural de Dom Corrêa, morreram com suspeita de febre amarela.
Passado o momento mais crítico do surto, a notícia de que ainda acontecem mortes relacionadas à doença mostra que há pessoas que não foram vacinadas. Como o vírus está presente na região, novas medidas estão sendo adotadas.
O médico infectologista do Hospital César Leite, Dr. Tiago Heringer, está monitorando toda a região. Ele conta que os casos que estão chegando agora são exatamente de pacientes que não foram vacinados. “Está muito evidente que o benefício da vacinação é enorme. Estamos percebendo que estão chegando mais idosos em estado grave e, infelizmente, falecendo. Na última semana, duas pessoas idosas de Dom Corrêa foram internadas, não estavam vacinadas e não resistiram”, afirma.
Os números mostram o pico do surto com as internações que aconteceram em janeiro. Depois, o surto foi reduzindo, com a queda de pacientes internados, especialmente em função da vacinação que bloqueou o vírus.
No momento há quatro pacientes internados (sendo três em estado grava na UTI do Hospital César Leite). O que chama a atenção é que são todos idosos com residência ou atividade na zona rural e que não foram vacinados. Das últimas dez internações, oito foram de Manhuaçu e duas evoluíram para a morte dos pacientes.
Na opinião do médico especialista, isso mostra que a indicação de vacina para idosos tem que ser repensada. “Numa área, com o vírus instalado, é interessante que todos os idosos sejam vacinados, especialmente quem mora na zona rural. É lógico que o médico deve avaliar e, para alguns não pode ser indicada, mas no geral é mais benéfico vacinar do que não vacinar”, afirma Dr. Tiago Heringer.
Em geral, uma pequena parte da população tem contraindicação absoluta, que são aqueles com imunidade reduzida por conta de medicamentos ou AIDS muito avançada. Nesses casos, o ideal é ficar longe da área de risco e usar repelente. “De toda forma, a pessoa tem que conversar com o seu médico, que já o acompanha, para decidir o que é melhor. É hora de repensar e até liberar a vacinação da população idosa, para que se vire de uma vez a página da febre amarela na região”, conclui.
O provedor do Hospital César Leite, Sebastião Onofre Carvalho, conta que desde o início do surto até o dia 3 de março, foram 82 pessoas internadas, provenientes de 17 municípios. Dezenove pessoas morreram e 58 receberam alta.
Ele também argumenta que a atenção agora é com os idosos, especialmente depois das últimas internações. “A gente chama atenção com relação às pessoas idosas. Temos casos que foram atendidos aqui que não quiseram se vacinar e outros que não foram aos postos e que vieram a falecer. A Secretaria de Saúde de Manhuaçu fez um trabalho magnífico de vacinação. Depois da fase que estavam caindo os casos, começou a chegar os pacientes idosos de Manhuaçu e estamos com pessoas morrendo”, pontua.
Além de apoiar as ações de vacinação, o provedor reforçou que toda a estrutura montada pelo HCL vai continuar à disposição para os atendimentos da região.
INTERNAÇÕES NO HCL POR MUNICÍPIO
Simonésia = 19 pacientes, Manhuaçu = 15, Ipanema = 9, Lajinha = 7, Durandé e São José do Mantimento = 5, Santana do Manhuaçu = 4, Ibatiba e Chalé = 3 casos/ Manhumirim, Mutum, Conceição de Ipanema e Caputira registram 2 casos cada uma. As cidade de Reduto, Martins Soares, Taparuba e Pocrane registraram 1 morte cada.
ÓBITOS SUSPEITOS DE FEBRE AMARELA POR MUNICÍPIO
Simonésia = 4, Ipanema = 3, Manhuaçu, Manhumirim e Lajinha = 2. Já as cidades de Reduto, Pocrane, Ibatiba, São José do Mantimento, Caputira e Taparuba registraram 1 morte cada. Com informações do www.portalcaparao.com.br