No primeiro turno, a maioria dos líderes evangélicos que abriam seu voto, faziam campanha por Marina Silva (PSB). Um dos principais motivos é a defesa de bandeiras do movimento LGBT além da criminalização da homofobia, compromissos de campanha da presidente Dilma Rousseff (PT).
Agora, vem aumentando o número dessas lideranças que decidiram apoiar o candidato Aécio Neves (PSDB). Já anunciaram oficialmente a opção pelo 45: Pastor Everaldo (Assembleia de Deus), Valdemiro Santiago (Igreja Mundial do Poder de Deus), Valnice Milhomens (INSEJEC), Renê Terra Nova (Ministério Internacional da Restauração), Robson Rodovalho (Sara Nossa Terra) e César Augusto (Igreja Fonte da Vida).
Rodovalho, que em 2010 defendeu a eleição da candidata petista, justifica sua mudança de postura. “Ele é uma pessoa mais aberta para diálogo do que a presidente Dilma se mostrou. Além de ser um cara casado, com filho, ter família, uma história de vida mais coerente, é religioso”, afirmou.
O apóstolo César Augusto é mais enfático: “A entrada de Dilma em prol dos homossexuais a afasta (dos evangélicos), com certeza. Isso é um ponto muito importante e queremos posicionamentos”.
O movimento anti-PT já vinha sendo defendido desde o primeiro turno de maneira especial por Silas Malafaia (Assembleia de Deus Vitória em Cristo), o senador Magno Malta e Marco Feliciano (Catedral do Avivamento). Ao falar sobre a tentativa de Dilma se aproximar do meio evangélico, Malafaia acredita que os pastores não se deixarão enganar. “Durante quatro anos, o PT votou em tudo que é contra as nossas crenças e valores. Chega na hora da eleição, vem com essa hipocrisia”, asseverou.
De acordo com a coluna Radar On-line, da revista Veja, a ideia da coordenação de campanha do ex-governador de Minas Gerais é que esses pastores influenciem apenas suas comunidades, sem apelar para propagandas eleitorais na mídia.
Enquanto isso as redes sociais de muitos desses líderes estão sendo usadas para divulgar a mensagem de que o candidato tucano é a solução para tirar o Brasil do vermelho, literalmente.
O outro lado
Por enquanto, Dilma conseguiu apenas o apoio oficial do bispo Manoel Ferreira (Convenção Nacional das Assembleias de Deus).
Por isso, o comitê petista já montou uma estratégia para buscar o eleitor evangélico, independentemente das lideranças. Mandou imprimir dois milhões de panfletos intitulados “Evangélicos com Dilma – Por que votamos em Dilma!” e passou a usar em seu material de campanha encartes intitulados “Mensagem de Dilma aos Evangélicos do Brasil”. No material, Dilma se diz “impressionada” com a firmeza dos evangélicos em “responder ao chamado de Jesus para cuidar dos ‘mais pequeninos’”.
Na sexta-feira (10), Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, liderou um encontro com deputados e vereadores do PT que teriam “trânsito” entre os evangélicos.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a ordem é “associar as políticas sociais dos 12 anos de governo do PT a uma mensagem ‘evangelizadora’”. Ao mesmo tempo, querem divulgar nos templos que a criminalização da homofobia “não vai ferir a liberdade religiosa”.
Os petistas defendem que Dilma não descumpriu o compromisso assumido em 2010 com os evangélicos, de “não promover nenhuma iniciativa que afronte a família”. Diferentemente do que foi denunciado por outro ex-aliado, o senador Magno Malta.
“Honramos tal compromisso em todo o nosso mandato e o reafirmamos agora”, diz o texto do panfleto. Insistem ainda que no governo Dilma foi aprovada uma PEC que isentou de tributos obras musicais de artistas gospel e que ela sempre deu apoio a comunidades terapêuticas. Mais uma vez ignorando que o apoio do governo inclui a proibição de que se pregue o evangelho aos internos.
Curiosamente, o mesmo Carvalho que hoje lidera seu partido nessa aproximação com os pastores, anunciou em 2012 que o PT precisava “combater as igrejas evangélicas”.
Fonte: noticias.gospelprime.com.br