Rafael Henrique Ramos, 31 anos, foi espancado por colegas de cela no presídio de Manhuaçu. O fato de se deu no inicio da madrugada do domingo, dia 02 de fevereiro.
Rafael foi acusado por um vizinho de furtar galinhas em seu quintal. Na época, ele foi encaminhado à delegacia, ouvido e liberado e o processo correu na justiça. Alheio à toda sua situação com a justiça. Rafael continuou a tocar sua vida, trabalhando como pedreiro em Belo Horizonte.
No final do ano passado, ele foi julgado à revelia, pois não compareceu nas audiências e foi condenado pela pena mínima de um ano de reclusão, iniciando no regime fechado e depois passaria para o semiaberto e domiciliar. “E cumpri 60 dias fechado e há cerca de quatro meses estou no regime semiaberto, onde fui ameaçado pelos outros presos e essas ameaças quase se concretizaram na madrugada daquele domingo. Se não fosse a intervenção dos agentes, eu estaria morto”, disse Rafael.
Quanto à sua pena, Rafael não questiona a decisão. “O juiz agiu certo, eu fui acusado de uma coisa de que eu não cometi e infelizmente por ingenuidade minha, perdi os prazos para me defender e não compareci nas audiências e quando eu soube, já havia um mandado de prisão pra mim, então me apresentei à justiça pra cumpri a minha pena, mas nunca imagina que ali quase que ia sair morto”, relata.
Segundo a esposa de Rafael, Gisele Pinheiro toda essa confusão teve início por causa de amor doentio que o vizinho diz ter por ela e não aceitou a rejeição da mulher. “Esse nosso vizinho sempre me assediou e uma vez tentou me agarrar à força, então eu o denunciei à justiça por tentativa de estupro e desde então, nossa vida virou um inferno, ele disse que se eu não ficasse com ele, não ficaria com ninguém. Foi então que ele acusou meu marido do furto sem que nem aves ele tem na casa dele”, conta Gisele.
Ordem e Ameaças de dentro do Presídio
O casal conta que desde que o marido foi preso, diversas ameaças começaram a chegar através de mensagens texto e áudios no celular. “Essas ameaças eram de que o meu marido não ia sair vivo do presídio, e elas partiram de um preso do regime fechado de dentro da cadeia de Manhuaçu. Na noite do acontecido, quando ele foi se recolher, eu mostrei as ameaças ao agente na portaria e pedi para que ele não fosse colocado na mesma cela dos outros presos. São quase 30 homens na mesma cela e destes quase a metade participou das agressões”, explica Gisele Pinheiro.
Após a intervenção dos agentes de Polícia Penal, Rafael foi encaminhado à UPA de Manhuaçu com diversas lesões e hematomas. “Eu apanhei tanto que cheguei na UPA todo sujo de fezes misturada com sangue, a médica disse que sofri lesões internas por isso esse sangramento, deslocamento de costela e hematomas, inclusive nos olhos, por muito pouco não morri”, relembra Rafael.
A insegurança tomou conta da vida do casal, pois eles não sabem como vão ser as coisas daqui pra frente. “Sabemos que não vai ser fácil pra gente daqui pra frente, mas se não tomarmos alguma medida, vai ser sempre assim, presos sendo espancados a mando de outros presos e famílias reféns do medo, da insegurança e a Justiça tem que fazer alguma coisa. Estamos prestando depoimentos, na delegacia, no Ministério Público, depois que o fato aconteceu estamos fazendo a nossa parte, esperamos que a Justiça faça a dela”, cobra Gisele.
Ao final Rafael desabafa. “Como eu já disse, eu nunca precisei pegar nada dos outros, sempre trabalhei para pessoas conhecidas na sociedade de Manhuaçu, desde os 12 anos que trabalho e aí, uma pessoa com o mal no coração me acusou de uma coisa que eu não fiz, ainda mais roubar galinha, sendo que nós criamos galinhas e aves no nosso terreiro. O meu erro foi não saber me defender como deveria e não ter comparecido frente ao juiz, esse foi o meu erro!”, completa.
O caso está sendo acompanhado por um advogado junto à Vara de Execuções Penais do Fórum Desembargador Alonso Starling e pelo Ministério Público Estadual.
Nota do Presidio de Manhuaçu
Na madrugada do dia 02 de fevereiro de 2020, foi registro pelos policiais Penais do Presidio de Manhuaçu, uma ocorrência de lesão corporal. Após procedimentos de revista foi colocado na cela 20 destinada aos detentos albergados. Que depois de alguns minutos sofreu várias agressões (chutes e socos) de presos da cela. O detento foi socorrido por policiais Penais, que também conduziram a vítima para a Unidade de Pronto Atendimento, para atendimentos médicos.
Após, os Policiais Penais lavraram o REDS da ocorrência e recebido pela administração do Presídio, foi instaurado procedimento administrativo para apurar os fatos ocorridos e autores.
Fonte: Portal Caparaó- repórter Jailton Pereira