A Comissão de Enfrentamento à Mineração na Serra do Brigadeiro realizou na noite de ontem, quinta-feira, uma Assembleia Popular para discutir os impactos do avanço da mineração de bauxita em Miradouro e região. O evento aconteceu na Escola Estadual Padre Afonso Kobal e contou com a participação de centenas de pessoas, envolvendo a população urbana, comunidades rurais e representantes de outros municípios como Muriaé, Rosário de Limeira, São Sebastião da Vargem Alegre e Miraí.
A assembleia começou animada com muita música e apresentação das cidades e comunidades presentes. Em seguida, o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Miradouro, Isaías Freitas, abriu a assembleia popular falando de sua importância e explicando como foi o processo de construção.
“A assembleia não é somente esse momento de debate, mas é todo um processo de mobilização, organização e preparação de lutas contra esse modelo de mineração. Realizamos assembleias populares nas comunidades rurais e hoje trouxemos esse debate para a cidade, pois não é só o campo que vai ser afetado com a mineração. Os impactos sociais afetam todo o município e a água da cidade vem da roça, se minerar na roça não vai ter água e nem bons alimentos para a cidade”, chamou a atenção Freitas.
Luiz Paulo Siqueira, da direção estadual do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), realizou uma apresentação para provocar o debate entre os presentes. Foram colocados vários pontos para a discussão, tais como os impactos da mineração de bauxita na região, as táticas da empresa para enganar as comunidades e a conjuntura política que tem influenciado no acirramento de conflitos com mineradoras.
“O governo ilegítimo e golpista do Temer tem adotado uma série de medidas que intensificam o saqueio dos bens naturais pelo capital e a mineração é uma de suas prioridades, quer entregar todos os minerais estratégicos às grandes empresas. É necessário que a classe trabalhadora realize cada vez mais espaços como esses, de formação, debate coletivo, organização e planejamento de jornadas de lutas para derrotar e superar essas medidas impopulares do atual governo”, convoca Siqueira.
Para Rita Ribas, moradora da comunidade de Monte Alverne, a posição das comunidades é muito clara e não tem o que conversar com mineradora. “Nossa região é muito bonita, tem a serra, muita água e uma terra muito boa para produzir. Queremos o fortalecimento da agricultura familiar, mais investimento em educação no campo e formas de melhorar a vida na roça. A mineração não traz nada disso, ela só destrói as comunidades e é por isso que manteremos firmes, mineração aqui não! ”, finalizou Rita.
Encaminhamentos
Durante a assembleia popular os presentes realizaram várias intervenções e houveram muitas propostas de encaminhamentos. Ao final, os encaminhamentos tirados foram a solicitação de audiência pública na Câmara Municipal de Miradouro para continuar debatendo o tema, avançar em medidas institucionais para demarcar a Serra do Brigadeiro como região livre de mineração, confecção de placas e adesivos anunciando o repúdio aos projetos de mineração na região, participar da assembleia popular em Rosário de Limeira e intensificar a organização e construir uma grande manifestação nas ruas de Miradouro.
A próxima atividade da Comissão de Enfrentamento à Mineração na Serra do Brigadeiro será a realização de uma Assembleia Popular da Mineração em Rosário de Limeira, na quinta-feira, dia 31 de agosto, às 19 horas na igreja Santa Izabel.